quarta-feira, março 15, 2006

Entendendo os palavrões em Baianês

Os palavrões não nasceram por acaso. São expressões criativas que traduzem com a maior fidelidade nossos fortes e genuínos sentimentos. Sem que isso signifique uma "vulgarização do idioma", mas apenas uma maior aproximação com o povo simples das ruas e becos da Bahia.

Como por exemplo, PORRA NENHUMA, atende plenamente a situação de nosso ego em exigir não somente a definição de uma negação, mas também contra os descarados blefes no âmbito profissional, como comentar sobre o chefe: "Ele é PHD porra nenhuma!", "Ele é um PREPONE, um porra que chefia porra nenhuma". O PORRA NENHUMA, como vocês podem ver, nos provê sensação de incrível bem estar interior, que nos tira da posição de CAGADO (fudido). É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia de um CHIBUNGO, ou seja, de um canalha.

Já o FUDEU PORRA! profere um contexto interior de alerta e auto-defesa, uma ameaçadora complicação. Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de FODA-SE PORRA! que ela fala. Mas existe algo mais libertário nessa expressão, que aumenta a auto-estima, como "Não quer sair comigo? Então FODA-SE PORRA!"

Agora, a expressão PRÁ CARALHO, PORRA! traduz a idéia de grande quantidade. Tende ao infinito, se tornando quase uma expressão matemática.

Assim, o dialeto baianês é uma língua viva, bela e mal-criada, nem o Prof. Pasquale explicaria melhor. "Porra, nem fudendo!".

Adaptação de Liliann Cristina Marcon do texto de Luiz Fernando Veríssimo